A autora no artigo nos apresenta uma análise sobre as características de um padrão físico-corporal considerado como ornamental da corporeidade considerada, como canônica no final do século xx de acordo com os meios de comunicação de massa. Onde é tido como desejável e sinônimo de beleza, saúde e bem-estar.
Nos mostra que o corpo canônico é em essência, resultado de um conjunto de investimentos em práticas, modos e artifícios que visam alterar as configurações anatômicas e estéticas e de como essa corporeidade é ilustrada pelo corpo feminino idealizado aos apelos midiáticos, sobretudo no discurso publicitário em elementos relacionados á juventude e ao vigor.Ressalta ainda a autora que os padrões que hoje definem o corpo canônico da mídia são passiveis de alterações ao logo do tempo e nos mostra também a dificuldade das mulheres deficientes físicas em se afirmarem como pessoa, cidadã e mulher em um contexto social e culturalmente marcado por uma corporeidade feminina canônica. E que para compreender o sentido da corporeidade canônica da cultura de massa é fundamental compreender o percurso do estatuto do corpo no Ocidente até sua elevação de culto e investimento de afeições simbólicas.
Mostra que o fenômeno do culto ao corpo parte de um estágio em que o corpo é demonizado, escondido fonte de vergonha e pecado e culmina com o corpo das academias e sua explosão de músculos e de como o corpo se consolida na segunda metade do século XX em conseqüência das mudanças de paradigmas gerados pela reconfiguração do mapa geopolítico do mundo após a Segunda Guerra.
Em um segundo momento Malu Fontes analisa a idéia de corpo canônico como equivalente a uma determinada corporeidade físico-anatômica predominante na cena sociocultural contemporânea e corresponde a um modelo de construção da identidade e da imagem próprio das últimas décadas do século xx e que é através das mídias que as modalidades físicas são disseminadas conquistando todas as classes sociais, regulados pelo poder aquisitivo de cada indivíduo.