UMA ESTÉTICA PARA CORPOS MUTANTES.
O texto do professor Edvaldo Couto nos mostra claramente como estamos no tempo da beleza,no culto ao corpo belo e se possível perfeito na sua utilidade,qualidade de vida e na sua estrutura com formas e sintonia harmoniosas, capazes de não excluir seu “dono” do campo da estética cuja linha tênue liga-se a arte ,a beleza e a perfeição.
Nos faz perceber que para nós ocidentais,nosso corpo se tornou o lugar da nossa identidade e seu modo de ser. E de que nossa época se rende aos diversos cultos que celebram e festejam a corporalidade. Das práticas esportivas ao uso proliferado do silicone e as cirurgias plásticas muitas técnicas e terapias servem para hipervalorizar e pavonear o corpo em todos os lugares,ambientes e muito na Internet – o mundo virtual.
Uma das coisas mais naturais do mundo, como se costuma dizer, é afirmar que estética tem algo a ver com o belo, a beleza, em ser bonito ou ser bonita. De fato, as nossas cidades de hoje estão cheias de institutos de estética, locais para onde se vai para cuidar da pele, do rosto, do cabelo, locais de embelezamento. Assim, numa cultura das aparências, se construiu uma espécie de culto à beleza, que os meios de comunicação de massa, em especial a televisão, se encarregam de disseminar.
Esse universo fashion, de aparências sedutoras, exalta uma estética de corpos de passagem, convertidos em modelos a serem perseguidos
Retenhamos, então, desde já, essa ligação que fazemos, sem nenhum questionamento, entre estética e beleza ao iniciarmos este singelo comentário.
Isso porque a todo instante somos convidados a administrar a própria aparência, a superar e redesenhar formas físicas. Tornou-se imperativo Ter um organismo camaleônico, sujeito ininterruptamente às transformações. As imagens promocionais do corpo mutante, em toda parte, evocam os muitos modos em que esse objeto pode ser manipulado e agenciado, em nome de uma perfeição sempre distante e, talvez por isso mesmo, cada vez mais desejada.
Coube então a informática,a robótica e a engenharia genética a importante tarefa em manter o culto ao corpo aperfeiçoando-os de modo que esses corpos sejam corrigidos ,dinamizados,potencializados pela tecnociência.
Assim sendo essa estética hegemônica enfatiza que somente o corpo revisado ,corrigido e projetado pelas técnicas ,comercializado até em varejo,é digno de valor e celebração.
Com isso as pessoas não aperfeiçoadas pelas próteses eletromecânicas ,químicas ou genéticas passam a ser vistas como inferiores ,obsoletas e até subumanas! Talvez esses “restos humanos” como são considerados não sobrevivam muito tempo pois serão sempre depreciados e considerados feios,envelhecidos ,doentes e inválidos. Em contrapartida ,os corpos que são corrigidos e mantém –se inseridos sob a lógica do consumo que são deflagrados novos hábitos e comportamentos,onde cada um passa a ser responsável pelo gerenciamento da sua aparência e sua dinâmica física e mental porém com o peso dessa responsabilidade cada um também passa a ser avaliado,exaltado,julgado ,acusado e ,às vezes,condenado,pelo corpo e pela saúde que tem.
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