Annamaria Palacios aborda em seu texto o processo de luta articulatória entre o vocabulário velhice e a expressão terceira idade,tendo como palco do discurso o publicitário de cosméticos.
O texto identifica ainda os pontos de tensão entre as duas terminologias e analisa a gradual substituição de um termo por outro.
Lendo o texto percebemos que ainda que aponte para a etapa final da vida, a nomenclatura terceira idade faz desaparecer a alusão direta a vocábulos tão semanticamente marcados, como velhice, senilidade e envelhecimento. E que a partir da expansão do tempo de vida ou elasticidade de seu limite biológico e prolongamento ,sua duração média para ao final da faixa dos setenta para os homens e início da faixa dos oitenta para as mulheres, torna-se um elemento desencadeador de conseqüências sociais consideráveis na contemporaneidade.
Nos faz refletir que embora no passado fosse visto como um último estágio homogêneo da vida, dominado também pelo que se intitula morte social, a velhice, atualmente, é um universo altamente diverso, composto de aposentados precoces e médios, idosos capazes e idosos com vários graus e formas de limitação. E que a terceira idade se estende na direção de grupos mais jovens e de grupos mais velhos e redefine de forma substancial o ciclo de vida de três modos: o primeiro deles contesta a saída do mercado de trabalho como um critério etário definidor, o segundo, diferencia os idosos fundamentalmente em termos de seu nível de limitação física, nem sempre relacionado com a idade.e o terceiro, obriga à distinção entre várias faixas etárias, cuja diferenciação real dependerá muito do capital social, cultural e relacional acumulado durante a vida.
Percebemos que foi de fato a partir do domínio lingüístico da prática discursiva publicitária,especialmente circunscrita à ordem de discurso da publicidade de cosméticos,que ressalta-se uma espécie de luta articulatória entre o vocábulo velhice, seu simbolismo, e a expressão terceira idade, como uma forma emergente de interpretação para o fenômeno do envelhecimento, liberto de suas conotações negativas. Sobre os processos de luta articulatória, se evidencia que os novos elementos (no caso, o uso lingüístico da expressão terceira idade) são constituídos mediante a redefinição de limites entre os elementos antigos, que circunscrevem as fronteiras semânticas da cristalizada interpretação para o fenômeno do envelhecimento, representada pelo vocábulo velhice.
No processo de luta articulatória entre os termos há uma ação de convivência entre eles. O ato de conviver em uma mesma ordem de discurso e ter sido observado em um esmo corpus pode ser representado por uma simples correlação, que nos permite afirmar que o fato de se chegar à velhice (A) implica também ter-se chegado à terceira idade (B). Ou seja, que A implica B. Contudo, as situações que caracterizam o gradual afastamento semântico entre os termos, requerem uma reformulação da equação acima construída, por não nos permitirem afirmar que B implica A.
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